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A Validade das Procurações Empresariais Após a Morte de Sócios: O Que Decidiu o STJ?

1. Introdução.

close up shot of businesswomen holding documents
Photo by Vlada Karpovich on Pexels.com

A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no caso do AgInt no Recurso Especial nº 1997964 – SC (2022/0112541-8) abordou uma questão de grande relevância para o direito processual e tributário: a validade das procurações concedidas por uma pessoa jurídica após o falecimento de seus sócios signatários.

Este tema é crucial, pois envolve a distinção entre a personalidade jurídica da empresa e a dos seus sócios, impactando a continuidade da representação legal nos processos judiciais. O tribunal, por meio do voto do ministro Afrânio Vilela, reafirmou que a morte de um sócio não compromete a eficácia de uma procuração já concedida pela pessoa jurídica.

Essa decisão traz importantes implicações para advogados, empresas e para a segurança jurídica nos procedimentos processuais, ao garantir que a morte de um sócio não invalide automaticamente os atos processuais realizados em nome da empresa. Neste artigo, explicaremos os detalhes dessa decisão e seu impacto, decodificando os termos jurídicos para uma melhor compreensão do leitor leigo.

2. O Caso em Questão.

woman passing a document to her colleague
Photo by Pavel Danilyuk on Pexels.com

A controvérsia surgiu de um litígio entre o Município de Blumenau (SC) e a empresa Pro Brasil Propaganda Ltda. Durante o processo, uma questão técnica foi levantada: a validade de uma procuração assinada por sócios da empresa que vieram a falecer.

A dúvida central era se a morte dos sócios que assinaram a procuração tornaria inválido o mandato dado aos advogados que representavam a empresa.

O município argumentava que, sem a regularização dessa representação processual, os atos praticados pelos advogados seriam nulos. Por outro lado, a empresa sustentava que, como pessoa jurídica, sua personalidade e direitos eram distintos dos de seus sócios.

3. Os Conceitos-Chave da Decisão.

assorted books on book shelves
Photo by Pixabay on Pexels.com

Para compreender a decisão, é fundamental entender alguns termos jurídicos:

  1. Pessoa Jurídica x Pessoa Física:
    Uma pessoa jurídica é uma entidade legal, como empresas e associações, distinta das pessoas físicas que a compõem. Mesmo que os sócios ou administradores de uma empresa morram, a pessoa jurídica continua existindo, com seus direitos e obrigações intactos.
  2. Procuração:
    É o documento pelo qual alguém (mandante) concede a outra pessoa (mandatário) poderes para agir em seu nome. No caso das pessoas jurídicas, a procuração é outorgada em nome da empresa, e não dos sócios individualmente.
  3. Mandato:
    Um contrato de representação que pode ser extinto por diversas razões, como a revogação, a renúncia ou o falecimento de uma das partes. Contudo, no caso de pessoas jurídicas, o falecimento do sócio que assinou a procuração não extingue automaticamente o mandato.
  4. Agravo Interno:
    Um recurso utilizado para contestar uma decisão tomada individualmente por um ministro de tribunal superior, buscando a reapreciação da questão pelo colegiado.

4. O Julgamento no STJ.

lady justice and a gavel
Photo by KATRIN BOLOVTSOVA on Pexels.com

O STJ negou o agravo interno interposto pelo Município de Blumenau, mantendo a decisão que reconheceu a validade da procuração outorgada pela empresa Pro Brasil Propaganda Ltda, aos seus advogados, mesmo após o falecimento dos sócios que assinaram o documento.

O ministro Afrânio Vilela, relator do caso, destacou que:

  • A pessoa jurídica tem existência independente dos sócios, e sua personalidade não é afetada pelo falecimento deles.
  • A validade da procuração depende das condições existentes no momento de sua assinatura. Se foi válida na origem, permanece em vigor até que seja revogada, renunciada ou extinta por outra razão prevista em lei.

Citando a legislação aplicável (art. 6º, § 1º, da LINDB e art. 682 do Código Civil), o ministro explicou que o mandato concedido pela pessoa jurídica continua válido enquanto a empresa existir e não houver manifestação em sentido contrário.

5. Por que Isso é Importante?

businessmen talking at a cafe
Photo by August de Richelieu on Pexels.com

A decisão reafirma a independência da pessoa jurídica em relação aos seus sócios e administradores. Isso tem implicações práticas relevantes:

  1. Segurança Jurídica:
    Permite que empresas continuem operando normalmente, mesmo em caso de falecimento de sócios ou representantes legais, sem a necessidade de interromper processos judiciais ou administrativos.
  2. Preservação de Atos Processuais:
    Garante que os atos praticados pelos advogados em nome da empresa, com base em procurações válidas, não sejam anulados por circunstâncias alheias à vontade das partes.
  3. Eficiência Processual:
    Evita atrasos e custos adicionais com a necessidade de regularizações desnecessárias.

6. Conclusão.

cheerful diverse colleagues discussing business project in meeting room
Photo by Sora Shimazaki on Pexels.com

A decisão do STJ no AgInt no REsp nº 1997964/SC esclarece um ponto importante do direito processual e societário: o falecimento de sócios de uma empresa não afeta automaticamente a validade das procurações assinadas por eles em nome da pessoa jurídica. Essa compreensão é crucial para assegurar a continuidade das atividades empresariais e a estabilidade das relações jurídicas.

Para além dos aspectos técnicos, o julgamento reflete a importância de distinguir entre a pessoa jurídica e seus membros, preservando os direitos e as obrigações da empresa como entidade independente. Dessa forma, o STJ reafirma a necessidade de interpretação consistente da lei para garantir segurança e previsibilidade às partes envolvidas em litígios.

LINK JULGAMENTO ACÓRDÃO…………….

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