Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O prazo de prescrição em contratos de seguro: compreendendo a decisão do STJ.

1.Introdução.

justice scales and gavel on wooden surface
Photo by Sora Shimazaki on Pexels.com

Recentemente, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou um entendimento relevante para o universo dos contratos de seguro, ao aplicar o prazo prescricional de um ano para o pedido de indenização feito por uma viúva contra a seguradora após o falecimento de seu marido.

Tal decisão gerou discussão sobre os limites da prescrição em contratos securitários e a necessidade de compreender, de forma clara e acessível, os aspectos jurídicos subjacentes.

2. O que é prescrição e como ela se aplica em contratos de seguro?

close up photo of a lady justice statuette
Photo by Pavel Danilyuk on Pexels.com

No direito brasileiro, prescrição é a perda do direito de exigir judicialmente uma obrigação em razão do decurso do tempo. A ideia central é assegurar a estabilidade das relações jurídicas, impedindo que direitos permaneçam indefinidamente passíveis de reivindicação.

No âmbito dos contratos de seguro, a prescrição está regulamentada pelo Código Civil Brasileiro. O artigo 206, §1º, inciso II, fixa o prazo de um ano para o segurado ou seus beneficiários requererem indenizações decorrentes de sinistros. Essa regra tem como base a celeridade necessária para a liquidação de sinistros e a previsibilidade das relações contratuais.

3. A decisão do STJ e o entendimento consolidado no IAC 2.

book and binder on a desk
Photo by Photo By: Kaboompics.com on Pexels.com

A decisão em questão reafirmou o entendimento fixado no Incidente de Assunção de Competência 2 (IAC 2), em que a Segunda Seção do STJ definiu que o prazo prescricional de um ano é aplicável às pretensões do segurado contra o segurador, salvo situações excepcionais, como seguros de saúde, planos de saúde e seguro DPVAT.

No caso em análise, a viúva contratou um seguro de vida em grupo com cobertura adicional para o marido, que faleceu em 2013. No entanto, o requerimento administrativo para indenização foi apresentado apenas em 2017, resultando na aplicação da prescrição.

O relator, ministro Marco Buzzi, enfatizou que a exceção ao prazo de um ano se aplica exclusivamente a terceiros que não participaram da relação contratual e, portanto, não tinham conhecimento do contrato de seguro. Esse entendimento foi consagrado no REsp 1.384.942, que estabeleceu o prazo de dez anos para pedidos de indenização por beneficiários que não eram os contratantes ou segurados principais.

4. Por que a viúva não foi considerada terceira?

landscape nature woman garden
Photo by RDNE Stock project on Pexels.com

Um dos aspectos cruciais do julgamento foi a determinação de que a viúva não podia ser considerada uma terceira na relação contratual, pois ela figurava como segurada principal e contratante da apólice.

Essa distinção é fundamental, pois os direitos e os deveres decorrentes de um contrato de seguro são diferentes para os segurados e para os terceiros beneficiários. Enquanto o segurado é parte diretamente vinculada ao contrato, os terceiros não têm essa mesma relação jurídica direta, justificando a aplicação de um prazo mais amplo.

5. Implicações práticas para os segurados e beneficiários.

furniture in courthouse
Photo by KATRIN BOLOVTSOVA on Pexels.com

A decisão traz implicações relevantes para segurados e beneficiários de contratos de seguro. Em primeiro lugar, destaca-se a importância de agir com celeridade no requerimento de indenizações. A partir do momento em que ocorre o sinistro, o prazo prescricional começa a contar, e qualquer demora injustificada pode resultar na perda do direito de ação judicial.

Além disso, é essencial que os contratantes e beneficiários compreendam claramente seus papéis na relação contratual. Como demonstrado no caso, a viúva, apesar de ser beneficiária da cobertura adicional para o marido, também era segurada principal e contratante. Esse fator determinou a aplicação do prazo de um ano.

5.1. Esclarecendo termos jurídicos para leigos.

  1. Prescrição: Como mencionado, é a perda do direito de exigir algo judicialmente após determinado período.
  2. Segurado: Pessoa que contrata o seguro e é protegida pela apólice.
  3. Beneficiário: Pessoa indicada na apólice para receber a indenização, podendo ou não ser o segurado.
  4. Sinistro: Evento previsto no contrato de seguro que gera o dever de indenização por parte da seguradora.
  5. Prescrição Ânua: Prazo de um ano para o segurado ou beneficiário requerer seus direitos contra a seguradora.

6. A relevância da educação financeira e jurídica.

man in black suit jacket holding woman in blue and white dress
Photo by Antoni Shkraba on Pexels.com

Este caso ilustra a necessidade de promover maior educação financeira e jurídica, especialmente em relação aos contratos de seguro. Muitos consumidores desconhecem os prazos prescricionais ou não compreendem a dinâmica das relações contratuais, o que pode resultar em prejuízos significativos.

Ao contratar um seguro, é crucial ler atentamente as condições gerais da apólice, buscar esclarecimentos sobre os prazos para reivindicar indenizações e manter um registro organizado dos documentos relacionados. Ademais, em caso de dúvidas ou dificuldades, a consulta a um advogado especializado pode evitar erros que comprometam o direito à cobertura.

7. Conclusão.

a person holding a document
Photo by Mikhail Nilov on Pexels.com

A decisão do STJ reforça a importância de respeitar os prazos prescricionais em contratos de seguro, ao mesmo tempo em que destaca a complexidade dessas relações jurídicas.

Para os leigos, a principal lição é: agir rapidamente, conhecer seus direitos e responsabilidades, e, acima de tudo, buscar orientação quando necessário. Assim, é possível garantir a proteção que o seguro promete e evitar as armadilhas do desconhecimento jurídico.

Comente o que achou. Deixe a sua crítica, elógio, sugestão, pois sua participação é muiro importante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais

Artigos Relacionados:

A Importância do Respeito à Jornada de Trabalho e a Validade das Normas Coletivas no Contexto Trabalhista.

A Importância do Respeito à Jornada de Trabalho e a Validade das Normas Coletivas no Contexto Trabalhista.

1.Introdução. Photo by Diego Caumont on Pexels.com No mundo jurídico, poucos temas geram debates tão acirrados quanto a relação entre acordos coletivos e a proteção dos direitos individuais dos trabalhadores.

O prazo de prescrição em contratos de seguro: compreendendo a decisão do STJ.

O prazo de prescrição em contratos de seguro: compreendendo a decisão do STJ.

1.Introdução. Photo by Sora Shimazaki on Pexels.com Recentemente, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou um entendimento relevante para o universo dos contratos de seguro, ao aplicar

O Direito ao Arbitramento de Aluguel em Imóvel Comum e a Mitigação da Taxatividade no CPC.

O Direito ao Arbitramento de Aluguel em Imóvel Comum e a Mitigação da Taxatividade no CPC.

1. Introdução. Photo by Sora Shimazaki on Pexels.com O caso em questão, julgado pela 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, traz à tona uma

Justiça e Inclusão: Reflexões Jurídicas sobre a Indenização a Mulher Trans Desrespeitada em Ambiente de Trabalho.

Justiça e Inclusão: Reflexões Jurídicas sobre a Indenização a Mulher Trans Desrespeitada em Ambiente de Trabalho.

1.Introdução. Photo by Yan Krukau on Pexels.com A recente decisão da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que manteve a condenação de uma empresa frigorífica por discriminação contra

“Entre Silêncio e Direito: A Decisão do TST que Refletiu a Essência do Devido Processo Legal”

“Entre Silêncio e Direito: A Decisão do TST que Refletiu a Essência do Devido Processo Legal”

1.Introdução. Photo by Andrea Piacquadio on Pexels.com No dia 14 de agosto de 2024, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) concluiu o julgamento de um caso que exemplifica a importância

Justiça Acessível: A Nova Tese Vinculante do TST sobre Gratuidade na Área Trabalhista.

Justiça Acessível: A Nova Tese Vinculante do TST sobre Gratuidade na Área Trabalhista.

1. Introdução. Photo by JJ Jordan on Pexels.com No dia 16 de dezembro de 2024, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) deu um passo significativo em direção à garantia de

Ofensas racistas em ambiente de trabalho levam a justa causa.

Ofensas racistas em ambiente de trabalho levam a justa causa.

1. Introdução. Photo by Pavel Danilyuk on Pexels.com No âmbito das relações de trabalho, os limites para comportamentos aceitáveis entre empregados são definidos tanto por normas jurídicas quanto por valores

Habeas Corpus e a Exclusão de Provas Obtidas por Violência Policial no STJ.

Habeas Corpus e a Exclusão de Provas Obtidas por Violência Policial no STJ.

1.Introudução. Photo by Tima Miroshnichenko on Pexels.com O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o Habeas Corpus nº 933395 - SP, proferiu uma decisão emblemática que reforça o compromisso

STJ Reafima Regras em Dívidas Alimentares.

STJ Reafima Regras em Dívidas Alimentares.

1. Introdução. Photo by Mikhail Nilov on Pexels.com O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recentemente julgou o Agravo Interno no Habeas Corpus nº 849230 – SP (2023/0303992-2), envolvendo a questão

STJ Define Competência Territorial em Ação Contra Tabelião: Impactos no Código de Defesa do Consumidor e no CPC.

STJ Define Competência Territorial em Ação Contra Tabelião: Impactos no Código de Defesa do Consumidor e no CPC.

1. O Julgamento no STJ: Uma Análise Jurídica e Implicações Práticas. Photo by KATRIN BOLOVTSOVA on Pexels.com No julgamento recente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), analisou-se a controvérsia envolvendo

plugins premium WordPress