Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

STJ Decide Sobre Moderação de Conteúdo e Liberdade de Expressão em Plataformas de Vídeo.

1.Decisão reconhece direito de plataformas removerem conteúdos em violação aos seus termos de uso e destaca limites legais.

macbook pro beside white ipad
Photo by Pixabay on Pexels.com

Em julgamento recente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou questões fundamentais sobre o direito à liberdade de expressão e a autonomia das plataformas digitais para moderar conteúdos publicados por usuários.

 A decisão, relatada pelo Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, examinou recurso interposto por Paulo Macio Porto de Melo contra a Google Brasil Internet Ltda, envolvendo temas polêmicos como desinformação, moderação de conteúdo, e o fenômeno conhecido como “shadowbanning”.

link acórdão

2.Contexto do Caso e a Polêmica da Moderação de Conteúdo.

woman holding tablet computer
Photo by Roberto Nickson on Pexels.com

O caso em questão começou quando o recorrente, Paulo Macio Porto de Melo, teve conteúdo removido pela Google Brasil sob a alegação de violação dos termos de uso da plataforma de vídeo.

A remoção ocorreu durante a pandemia de Covid-19, período marcado pela disseminação de desinformação e o aumento das políticas de moderação pelas grandes plataformas.

O recorrente alegou que a Google teria cerceado sua liberdade de expressão ao remover o conteúdo, sem notificação prévia e em desacordo com o Marco Civil da Internet.

O Marco Civil, em seu artigo 19, estabelece normas de proteção para usuários e regula a responsabilização dos provedores de aplicações, como as redes sociais e plataformas de vídeo. No entanto, a legislação também atribui a esses provedores certa liberdade para moderar conteúdos que violam os termos de uso, desde que sejam respeitados os limites legais.

3.Ponto Central do Julgamento: Liberdade de Expressão e o Papel das Plataformas.

a lawyer behind his desk
Photo by Photo By: Kaboompics.com on Pexels.com

A decisão do STJ reforçou que a liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição, mas que, como todo direito, possui condicionantes.

No caso específico, o tribunal avaliou que as plataformas têm o direito de moderar o conteúdo, inclusive removendo ou limitando publicações que considerem violar os seus termos de uso.

A base legal para essa moderação está amparada no Marco Civil da Internet e nos próprios contratos que os usuários aceitam ao ingressarem nas plataformas.

Conforme estabelecido pelo Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, os termos de uso dos provedores de aplicação de internet, que incluem regras de conduta e sanções para violações, devem estar em conformidade com a legislação brasileira e com os direitos fundamentais.

No entanto, o Ministro destacou que, ao exercerem o controle sobre os conteúdos, as plataformas se tornam responsáveis por possíveis prejuízos causados pela retirada injustificada de postagens, conforme previsto no art. 19 da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet).

4.Shadowbanning e Transparência na Moderação.

macbook air on grey wooden table
Photo by Caio on Pexels.com

Outro tema abordado no julgamento foi o shadowbanning, uma prática controversa de moderação em que o conteúdo ou a conta do usuário é restrito sem o seu conhecimento.

No caso julgado, não foi identificada a ocorrência de shadowbanning. A prática, segundo o Ministro, pode ser considerada abusiva, uma vez que afeta a visibilidade dos conteúdos sem que o usuário seja informado.

O Ministro Cueva observou que o shadowbanning pode envolver uma assimetria informacional, onde o usuário fica em desvantagem por não compreender ou não perceber a limitação imposta à sua visibilidade.

Contudo, no caso específico, o STJ concluiu que essa prática não ocorreu, mas enfatizou que a transparência das plataformas com seus usuários é essencial para evitar arbitrariedades.

5.Decisão do STJ: Recurso Parcialmente Conhecido e Não Provido.

a balance scale on a table
Photo by KATRIN BOLOVTSOVA on Pexels.com

A decisão final do STJ foi de conhecer parcialmente o recurso especial interposto por Paulo Macio Porto de Melo, mas negar-lhe provimento.

Em síntese, o tribunal reconheceu a legitimidade das plataformas para aplicar moderação de conteúdo, dentro de um contexto de compliance interno, respeitando os limites dos direitos constitucionais e da legislação nacional.

Esse julgamento destaca a importância do equilíbrio entre a autonomia das plataformas e o direito dos usuários à liberdade de expressão. As plataformas, ao mesmo tempo que são espaços de livre manifestação, precisam ser reguladas para evitar abusos, desinformação e violações a outros direitos fundamentais.

No entanto, a decisão alerta para a responsabilidade das empresas ao aplicar moderações que possam causar danos ou limitar indevidamente a participação dos usuários.

Com este julgamento, o STJ estabelece um importante precedente na interpretação do Marco Civil da Internet e nas diretrizes para a moderação de conteúdo no Brasil.

A decisão enfatiza que o direito à moderação pelas plataformas não é ilimitado e que, em casos de remoção indevida, as empresas podem ser responsabilizadas por eventuais danos causados aos usuários.

6.Implicações para o Futuro da Liberdade de Expressão na Internet.

a bearded man sitting at a table with a laptop
Photo by Aathif Aarifeen on Pexels.com

A decisão do STJ ressalta que a liberdade de expressão no ambiente digital encontra-se em constante transformação e que o poder das plataformas de regular conteúdos pode e deve ser limitado pelos princípios constitucionais.

As plataformas devem atuar com transparência, respeito aos direitos fundamentais e clareza na aplicação de seus termos de uso.

Este julgamento estabelece um marco para futuros casos, em que a atuação das plataformas será analisada sob a ótica da conformidade com as leis e do respeito aos direitos dos usuários, mantendo a internet como um espaço aberto, porém regulamentado, para o exercício da liberdade de expressão.

Comente o que achou. Deixe a sua crítica, elógio, sugestão, pois sua participação é muiro importante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais

Artigos Relacionados:

Crime de Injúria Racial vs. Racismo.

Crime de Injúria Racial vs. Racismo.

1. Introdução: Contextualização do Caso e Relevância Jurídica. O presente artigo examina minuciosamente o julgamento da Apelação Criminal nº 1517754-15.2023.8.26.0602, que discute os limites entre injúria racial e crime de

Horas de Sobreaviso e o Uso de Celular Corporativo.

Horas de Sobreaviso e o Uso de Celular Corporativo.

Como o Uso de Celular em Plantão Configura Horas de Sobreaviso? Introdução. O regime de horas de sobreaviso tem sido alvo de intensos debates no Direito do Trabalho brasileiro, especialmente

Herdeiro que Paga Aluguel pelo Uso Exclusivo do Imóvel Não Deve Arcar Sozinho com o IPTU.

Herdeiro que Paga Aluguel pelo Uso Exclusivo do Imóvel Não Deve Arcar Sozinho com o IPTU.

Entendimento do STJ sobre a Repartição do IPTU entre Herdeiros e a Vedação à Dupla Compensação. Introdução. Photo by Ron Lach on Pexels.com O Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou

Beneficiário de Seguro que Matou a Mãe Durante Surto Pode Receber Indenização? Entenda o Caso e a Decisão do STJ.

Beneficiário de Seguro que Matou a Mãe Durante Surto Pode Receber Indenização? Entenda o Caso e a Decisão do STJ.

Inimputabilidade e Direito à Indenização: Análise do Caso do Seguro de Vida. Introdução. Em recente julgamento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu um caso polêmico envolvendo

Responsabilidade Civil em Jogos Eletrônicos.

Responsabilidade Civil em Jogos Eletrônicos.

"STJ Decide sobre Suspensão de Contas em Jogos Online e Garante Segurança Jurídica às Plataformas" Introdução. O Recurso Especial nº 2123587/SC (2024/0043134-8), julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), trouxe à

Recuso Ordinário em Ação Rescisória – A Falsidade Ideológica das Notas Fiscais e o Reconhecimento de Prova Falsa em processo trabalhista transitado em julgado.

Recuso Ordinário em Ação Rescisória – A Falsidade Ideológica das Notas Fiscais e o Reconhecimento de Prova Falsa em processo trabalhista transitado em julgado.

Periculosidade do uso de documentos falsificados para comprovação de direito trabalhista inexistente. Introdução. O caso em análise envolve uma ação rescisória fundamentada no art. 966, VI, do CPC, que trata

Impedimento do Juiz e a Nulidade Processual.

Impedimento do Juiz e a Nulidade Processual.

"Como a violação ao Art. 144, II, do CPC, pode anular decisões judiciais no âmbito trabalhista" Introdução. O caso TST-RRAg - 11368-06.2021.5.15.0041, julgado pela 1ª Turma do Tribunal Superior do

Habilitação de Crédito em Inventário: A Necessidade de Concordância Expressa dos Herdeiros.

Habilitação de Crédito em Inventário: A Necessidade de Concordância Expressa dos Herdeiros.

"STJ define que silêncio dos herdeiros não equivale a concordância em processos de inventário" Introdução. O processo de inventário é um procedimento judicial essencial para a partilha de bens e

Comparecimento Espontâneo no CPC: Quando o Prazo para Contestação Começa a Correr?

Comparecimento Espontâneo no CPC: Quando o Prazo para Contestação Começa a Correr?

Análise do Recurso Especial nº 1909271/PR e Seus Impactos no Direito Comparecimento Espontâneo no CPC: Quando o Prazo para Contestação Começa a Correr? 1. Introdução. O Direito Processual Civil brasileiro

Taxa de Manutenção em Loteamentos: Validade da Cobrança por Administradora com Base em Contrato-Padrão Registrado.

Taxa de Manutenção em Loteamentos: Validade da Cobrança por Administradora com Base em Contrato-Padrão Registrado.

"Cobrança de taxa em loteamento é legal? STJ decide com base em contrato registrado e distinção do Tema 492/STF". 1. Introdução. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo

plugins premium WordPress