Sumário
Toggle1. Impacto profundo no núcleo familiar justifica a majoração dos valores.
A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou o aumento das indenizações por danos morais e materiais para um eletricista que ficou paraplégico após um acidente de trabalho e para sua esposa.
Os valores, inicialmente fixados em R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente, foram elevados para R$ 400 mil e R$ 150 mil, em reconhecimento às graves consequências físicas e emocionais decorrentes do episódio.
2. O ACIDENTE E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
2.1. Choque e queda.
O acidente aconteceu em janeiro de 2019, enquanto o trabalhador realizava reparos em cabos e linhas telefônicas. Ele sofreu um choque elétrico e caiu de uma altura de seis metros. Após 100 dias de internação, o diagnóstico foi devastador: rompimento da medula entre duas vértebras, resultando em paraplegia irreversível.
Além disso, o eletricista passou a depender de cuidados médicos contínuos e equipamentos como sondas e fraldas, perdendo totalmente sua autonomia.
Na época, o trabalhador tinha apenas 39 anos e exercia uma função essencial para o sustento de sua família.
3.IMPACTO NA VIDA FAMILIAR.
O acidente não afetou apenas o eletricista, mas também transformou a rotina de sua família. Sua esposa, que trabalha como professora, descreveu a nova realidade como uma “maratona de esforços físicos, psíquicos e emocionais”.
Além de conciliar as demandas profissionais, ela passou a cuidar integralmente das necessidades do marido, sobrecarregando a rotina doméstica e impactando também os dois filhos do casal.
4. AÇÃO JUDICIAL E DEFESA DA EMPRESA.
4.1. Argumentos da empresa.
Em sua defesa, a empresa alegou que o acidente foi resultado de negligência do trabalhador, que não teria seguido os procedimentos de segurança. Também afirmou não ter qualquer vínculo jurídico com a esposa e os filhos do eletricista, contestando as indenizações solicitadas por eles.
4.2. Decisões anteriores.
Na primeira instância, a empresa foi condenada a pagar uma pensão vitalícia ao trabalhador até que ele complete 76 anos, além de indenizações de R$ 55 mil ao eletricista e de R$ 30 mil à esposa e a cada um dos filhos. Esses valores foram aumentados pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente.
5. DECISÃO DO TST: MAJORAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES.
5.1. Gravidade das sequelas e impacto emocional.
O relator do caso, ministro Agra Belmonte, destacou que o acidente comprometeu a integridade física, psíquica e a dignidade do trabalhador, resultando em incapacidade total para o trabalho.
Ele enfatizou também o reflexo dessas lesões no núcleo familiar, que enfrentou uma mudança compulsória e drástica na rotina doméstica, agravando os desgastes físico e emocional.
5.2. Novo entendimento.
Com base na gravidade do caso e em precedentes semelhantes, o TST determinou a majoração das indenizações para R$ 400 mil ao eletricista e R$ 150 mil à esposa. A decisão foi unânime.
6. CONCLUSÃO – UMA DECISÃO QUE RECONHECE O SOFRIMENTO HUMANO.
A decisão do TST reforça o entendimento de que as indenizações devem ser proporcionais à gravidade dos danos causados, considerando não apenas os aspectos econômicos, mas também os impactos emocionais e psicológicos sobre as vítimas e seus familiares.
Além de garantir um amparo mais significativo às necessidades do trabalhador, o julgamento também serve como um alerta para a importância da segurança no ambiente de trabalho e para a responsabilidade das empresas na proteção de seus funcionários.